sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Concretude sem fim e forma.

De repente de uma face obtusa dum canto qualquer, num canto de cor petróleo, surgiu a dor em flecha, por entre o peito penetrou-se e cravou-se rígida e cruel, os instantes sucederam-se em vermelho, grosso vermelho denso, vivo, escorria-se o vermelho na brancura da pele manchando os poros, quase não se respirava, eram suspiros , gemia-se inconsciente, e gritava-se primitivo o ser sofredor, uivos doloridos e surdos, ecoavam por reflexos de vários espelhos assimetricamente postos sobre as paredes que irregularmente formavam algo sem forma conhecida, algo que sustenta-se sem a matemática, neste espaço o ser evoluía em sua regressão do instante. E gemia um agudo lírico a tristeza do corpo invadida, torceu os lábios e os mordeu, a língua passeava por entre as cores que formavam nos coágulos, estava ali a nudez total, a própria essência da dor em cor, cheiro, sabor e luz, o resto é uma incógnita que aos poucos me é revelado, portanto o tempo permitira a revelação do próximo instante, que desdobra-se em linhas invisíveis e nos agride lentamente, devagarinho, ate que o tempo suspenda-se em pó e solidão....................................

- Bruno Bueno Requena

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Minutos de existência

Em minutos de existência que me revela a vida, traços de ar e gravidade, peso sobre o chão feito pedra pesada, que sobre a areia afunda em secura de água, na proporção do peso dos sons, atritos vazam de cantos ocultos, face obtusa de mim mesmo em reflexos vários, e o que sou se escapa por entre tanta coisa que é, o que falo em segredo de lábios em atrito de língua, dente, boca e ar. 

A proporção que se amadurece em pensamento, no qual, traumas rasgam em consequência de sustos de vida, espasmos no tempo, segredos obscuros, e esta obscuridade que inerte ou supostamente inerente, vaga sonâmbula por entre o corpo, e ao se externalizar, assombra a vida, e o concreto se retorce como num dia de alto verão. E assim o que era intransponível vaza ao real e se confunde na realidade, o mais abstrato do ser, a primitividade doce de uma criança que chora ao vir a vida.

E depois de uma tarde retangular e de catetos e hipotenusas, percebo em ângulos diversos a pluralidade indefinida de algumas espécies e gestos, e ao me jogar numa cama verde, estrados de terra e lençóis de grama, me conecto com o mais sagrado ato da vida na qual todos os seres deveriam desvendar, dizer, neutralizaria o instante em surpresa, o horror do momento e alegria misturada, a lagrima escorre salgada, e levito, meditação orgânica e mística, a natureza se funde a mim e me possui, e eu grito, um grito de horror e esperança. O que se faz depois disso? Também é um mistério.

- Bruno Bueno Requena

O instante é a incógnita do respiro...

O instante é a incógnita do respiro, é o momento máximo do presente, é o susto de vida, a própria mudança ocorrendo, é um já maiúsculo em horror de existência, é plural em espaço, é vida acontecendo ou vida morrendo, instantes muitos de passados acumulados, futuros a vir, instantes ali, AHHHHH!! AHHHHH!! ouça...

- Bruno Bueno Requena

domingo, 31 de março de 2013

Exacerbação do ser...


                Assim meu corpo dilatou-se em pupilas varias, e de repente, a Iris tomara formas abstratas e se contraíram suavemente, buscando no conforto a visão nua e límpida, luz branda e calma que acendia a pele, estado morno que agrada abraços inertes,e transmitem em calor o amor físico, equilíbrio térmico de corpos buscando o instante, ali, quase infinito momento, que se amplia em cores, músculos e vibrações, a mansidão do espaço beija meus olhos em luzes distantes, algumas mortas, mas com brilhos em expansão, e como se em novidade de existência, meu corpo envolto a outros fundiram-se harmoniosos, quase  nem se percebia, outros gemiam o ato, outros apenas em ato, outros em átomos, e como num gozo vulcânico denso e expressivo  transbordei a alma em rios, assim, o vasto alargou-se em matéria, o orgânico transformou-se em divino, e de repente eu tornara-me algo maior, algo permanente, instante prazeroso da alma em vida, quase que gritei em exacerbação de ser, mas contive a voz pois já me permitira tudo, a novidade me agrada, e nesse instante novo mutável e excêntrico, tornei-me vários e nesta peculiaridade tamanha derramei o leite, alimento para a vida, e gozei a mim o que me prendia, agora me perduro num tempo qualquer, as dimensões atravessam-me e acrescentam o pensamento, voa livre como um pássaro ansiando o horizonte, busca no ninho o aconchego a calmaria, sensação de felicidade em que todos almejam.

- Bruno Bueno Requena