segunda-feira, 25 de julho de 2011

Vozes...


Vazio de gente vazia,
Vozes vorazes sobre o vento,
Ventos de furacões famintos,
Fome de gente cheia,
Cheio de luz,
Ponto fugaz vibrante vulto,
Verde luz colorida no céu,
Claras cores cristalinas,
Cacos e cortes cravados,
Vozes vibrantes de lábio,
Vozes vibrantes da boca,
Vozes de se comer,
Comer a própria voz,
Para que se sinta se falar,
E ao falar sinta se presente,
Presentear pontos quaisquer,
Que necessitem de voz,
Veludas vozes no ar,
Canto que quase sussurra,
Outrora quase se berra,
Depois ouve se manso,
Ouvidos que quase ouvem,
E vozes que quase falam,
Gente que é quase gente,
Temporã, temporão, tentação,
Turbilhão de fonemas em profusão,
Parodias e prosódias,
Pessoa, machado, matos, da cruz,
São vozes simbolizadas,
De símbolos sonoros,
De vozes guardadas,
Em versos no ar.

- Bruno Bueno Requena

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pretendo alcançar a leveza...


         Pretendo alcançar a leveza da alma e da mente, assim, de manhã ao acordar, abrirei a janela para que o sol entre e ilumine todos os cômodos da casa. Agradecerei a Deus por minha vida, e farei da alegria minha oração. Eu sei que a tristeza caminha com o ser humano, mas farei com que me esqueça por alguns meses. Quero aproveitar junto de quem amo, toda a beleza que um dia de vida pode proporcionar. Darei um grande abraço em cada um de meus amigos e agradecerei, em silencio, a presença de cada um, em um gesto de carinho e respeito, pois nunca se esta só neste mundo. A amizade é uma grande virtude. Certos acontecimentos me fizerem crescer como ser humano, contribuíram para minha elevação espiritual. Devemos deixar de ser tão orgulhosos e covardes, deixamos escapar pessoas que amamos, por plena arrogância, e falta de coragem para defendê-las. Quais as conseqüência de se interromper o fluxo do rio? Água parada.
Que a vida me de muitas alegrias...

- Bruno Bueno Requena

Simplesmente Simples...



Textos que fiz para o show do Coral Univali intitulado “Simplesmente Simples”

Eis me aqui, um ser humano em plena construção do ser, narrando-lhe a própria consciência e burrice cometida. Quando os galos cantarem em pleno rompimento de dia que nasce, e as arvores brindarem os fótons que lhes nutre, o orvalho nas folhas verdes banharam a terra, e eis que de olhos abertos, num súbito instante de ar em plenos pulmões, abrirei todas as janelas da casa, perfumarei todos os cômodos, e da varada iluminada, fitarei o horizonte em busca de novos caminhos, de novas idéias e aprendizados, assim, em contato com a minha gente, com meu povo. Ao sair de fora de todas as lógicas possíveis, correrei livre entre casas e arvores...

Simplicidade... Se perguntarem-me o que é ser simples, viver simples, responderei humildemente na minha condição humana e aprendiz - e um tanto observador - que talvez, ser simples, resuma-se no ato de sorrir sem motivo aparente, dar um abraço em quem se gosta num ato passional e físico, observar o céu numa noite estrelada de verão, e notar como as estrelas parecem pequenas vistas daqui de baixo, fitar a lua na imensidão do espaço, e apaixonar-se pelas flores como as borboletas que não cansam de beijá-las. Creio que cada um desses gestos contem uma certa sabedoria maior que independe de inteligência, de classe, de idade. Há uma certa alegria difícil em viver.

Em cada instante que a vida me proporcionar, tomá-lo-ei como algo de pura grandeza e extrema delicadeza que me exige, desdobrarei este origami temporal que me fora entregue, e no instante revelado – momento fugitivo – a vida com todas as suas cores, cheiros e frutas, que de tão belos chegam a ser engraçados, como as pedras e suas formas abstratas, ou então, as melancias que é água de um vermelho doce, verdes de casca, mas maduras perante a cor. Do fruto o alimento de viver me é revelado, ao me libertar das raízes que me prendiam, tornar-me-ei viajante, rumo à alegria tão almejada pelos corações.

Das folhas verdes que balançam no jardim, observo-lhes os sons e os cheiros que trazem discretamente, ouço os passos apressados atrás dos muros da casa, todos em completa desordem harmônica, sons grosseiros, há odores de sal e pó, a fumaça dos motores ascende ao céu, e os carros rasgam o horizonte em cores transversas. Devaneios tomam-me de súbito, e a memória da pele, luzes na retina, cheiros e sabores, relembra-me que atrás deste caos civilizado, deste progresso vazio, esconde-se inalterada a essência da minha alma.

Quanto tudo isso? Eis que depois das tempestades, o barco repousou-se em águas calmas, eu levemente pleno, desembarquei em terra firme, a firmeza do chão verde, flores vermelhas e brancas cobriam a encosta, arvores altas faziam sombra para quem dorme, as borboletas beijavam o sexo das flores, e por entre as arvores ouvia-se os pássaros cantando, saudando o desconhecido, todas as cores em harmonia, tudo se fazia em paz.

O pássaro proibido, não estranha o vôo, mas sim a visão, mas que visão é esta? Lá no alto a sensação muda, inverte-se, deixa de ser aquela paisagem sincopada, para que o todo, enfim, seja o todo, e o todo nunca é o todo, pois sempre há algo sendo mais do que aquilo que é.
Gritei ao céu, preces, orações, novenas. Tudo que agora me cerca perdura nessa latência despreocupada e simples, essa simplicidade por mais que monótona, me acalma.

Vejam, a cidade reuniu-se em romaria, todos contemplando a vida, quem sabe os homens tenham entendido o real sentido de viver, talvez compreenderam que para ser feliz, basta respirar, olhar o que nos cerca, e maravilhar-se com que se vê, a vida toda ali, acontecendo em plena novidade.

- Bruno Bueno Requena


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Campainhas e correrias...

         
     Éramos um, ali sentados em um banco qualquer na frente da praia, e neste instante aleatório, despreocupado entre amigos, travávamos diálogos sobre a vida, frases soltas que se desdobram pela fronte e por entre o ar, éramos três, ali em vida, eu dizia, uma amiga dizia, outro escutava - quieto – de um modo desinteressado, mas atento - não é que ele não compreendesse, mas é que, dizer, as vezes é desnecessário, o bom mesmo é ouvir, eis uma virtude que lhe observo - Deste modo eloqüente em que dizíamos, e em sustos de descoberta em plena troca de almas trigêmeas, que neste travar louco de cacos paradigmáticos, que por entre a cidade ecoava num grito, um grito de horror contra o que se conhece de vida – ou que se pensa dela – e neste grito civilizado, eu gemia de alegria na própria libertação de pensamento compartilhado. Esta troca necessária é vida trasbordante e liquida. 
Naquele instante era como-se a alma dos três em completa sintonia se abraçassem, abraço forte e caloroso, abraço de amor ao próximo. Por entre o concreto todo, os passos percorriam as calçadas da cidade noturna, risos, molequices, peraltices descompactadas, a loucura exposta em campainhas e correrias desengonçadas, o ser em plena despreocupação de julgamento, a naturalidade ali era quase que nascida agora, era criança que chora em pulmões virgens, era lagrima transparente, era comunhão mais que notória, era corpo e vinho.
Do momento nutriu-se a alma, ambas três, três loucuras soltas em um momento de amizade estranha, da qual não se esquece quem presencia,. A poesia estava ali presente, esperando para nascer, e nasceu, em estrondosas gargalhadas!

- Bruno Bueno Requena