domingo, 23 de outubro de 2011

Brunnnnnnn!


Dedicado á Brunno Silva dos Santos

De poucas palavras estas de gente que chega quieto, e num canto fica, ali a esperar  alguém o retorno de voz amiga, da simplicidade maior de um menino que de forma normal mais de proporções exatas, falas brilhantes, aquela palavra guardada e exposta ao ar em quieto sussurro de voz que tem medo de vibrar, SHHHHHHHH! Nem seu ouve... E assim o tímido ser de poucas expressões, a comedida existência que se revela de repente num susto de quem não espera, mostra-se em espanto, aquele que de veras quieto encontrava-se, toma em impulsos de afinidade a proporção maior da palavra amizade, quase que por inteiro, cheio e concreto, todo ali em exposição de existência, e num mistério completo se finda seu modo, modo de gente notória, a palavra irmão elevada a um sentido explosivo do gigante Big-Bang em completa expansão de universo, em linhas de faixas que se caminham em posições estranhas de pernas que flutuam em plena exacerbação de gente inteira, coisa concreta que não se explica, coisa abstrata que se foge, pessoa incógnita que expressa em marrom o nome Brunno, singular carisma de pessoa em pleno clímax de existência, que talvez nem compreenda isto que escrevo, notar é quase que sofrido, é isso simplesmente, de comedias de si próprio com o próximo, da liderança não percebida, de muitas coisas despercebidas, quando o tal romper, tomara em tudo um jeito pleno de ser, simples de um modo interessantemente complexo, de forma difícil de descrever sua completude enigmática.

- Bruno Bueno Requena

Menina Sabrina...


Dedicado á Sabrina Douetts Dos Santos.

De pequenas proporções de menina, a travessa em suma peraltice do sumo da palavra levada, elevada ao âmbito de um riso solto e largo de moleca. De gestos soltos e abstratos, risadas frenéticas, gargalhada contagiante, riso engraçado de forma quase que liquida, lagrima e dor de barriga de risada boa de se dar, e num momento qualquer a frase inesperada da menina Bina, bisnaga de pura novidade, exposta em pleno olhares que a observam e analisam a criatura pequenina, Sabrina menina levada, peralta de natureza louca, de quase gotas de momentos distintos, e coisas que nada se sabe, e frases que nem ela se sabe, ou coisa que se sabem e ficam em silencio de segredo bom de amiga em ouvido sussurrado. Moças como Sabrina, palhaços bobos morderam o balão e BUM! Explodira em ar preso de boca soprada em plástico colorido, e os que se assustam não compreendem a leveza do ser engraçado, precioso riso que se espera de quem vive, dentes expostos de quase ventre em nostalgia, o canto quase que nasce, quase que é somente alegria de coisa, de momento, de comida, de palco, de semáforo, de tudo um pouco Bina sapeca, as balas caem no chão e de doces faz o pisar da gente em balas rosas, sabor de morango doce, bons de se chupar.

- Bruno Bueno Requena

domingo, 2 de outubro de 2011

E do ventre da alma...

E do ventre da alma, explode num susto o que de repente era oculto, e quase como um nada que torna-se tudo, vibra clara entre átomos de oxigênio o lirismo doce de sentimentos coloridos em tensões de vida, e nesta vibração sonora de vozes que se encontram em pulsos sentidos, gestos em formas variadas num experimentalismo que transcende o próprio ato de viver, ato liquido no qual a correnteza trasborda em gemidos de existência, eu grito por poder gritar ...

-  Bruno Bueno Requena

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Evolução em Chamas...

Evoluir. No mais amplo da palavra sentida por evolução, no qual os seres viventes sofrem em graus distintos de tempo, sua própria modificação. E este movimento que se chama vida, no qual se tem conhecimento. O ser humano é um dos seres mais surpreendentes, de sua forma organizacional, criativa e fluxos de idéias que trasbordam pela mente, num súbito de explosão de existência, da qual a alma regozija de um prazer de ser, ser consciente, racional, ser humano, no maior sentido da palavra. Pensativo que somos, observador, livres ou não tão livres assim, ou somente iludidos. Eis que no atual momento de tempo presente, que se desdobra, tornando-se passado para que o futuro venha a existir, o homem na sua maior ganância de algo maior, algo que desconhece, mas lhe é almejado, busca a perfeição, nesta busca ideal, profana, criamos um mundo de idéias na qual vivemos, o pensamento materializado e tecnológico, elétrico, multicolorido. Tudo isso se dá ao pensamento, o pensar racional, com isso, construímos cidades, automóveis, armazenamos energia, fomos a lua, educamos nossas crianças, escrevemos livros, curamos doenças, criamos e destruímos, evoluímos. Evolução explosiva, como vulcão em lava densa, lava agressiva, queimando.  
A sociedade, chegou a um nível tecnológico, evolutivo, racional, critico de existência, tudo acontece em uma velocidade estonteante, as modificações ocorridas em cada momento presente, e tão veloz, que assimilar tudo que ocorre, é quase que impossível, o tempo está girando mais rápido, e neste curto prazo que nos é imposto, a reflexão, a introspecção, o assimilar das coisas ocorre em um fluxo caótico, gerando idéias e noções deturpadas da realidade que nos escapa como água por entre os dedos, esta fuga de nossos impulsos primitivos, nos tornamos seres viciados por prazer, a fuga de nossas raízes, valora no presente em vícios, doenças mentais, e noções míopes de julgamentos moralistas de nós mesmos, castrando o real sentido da palavra: ser peculiar, ser distinto.
E a questão é, para onde estamos evoluindo? Estamos seguros da própria nudez? Eis uma pergunta que me foge, o que crio são suposições, são pensamentos, são doenças, enfermidades de alma, alma doente da própria espécie, espécie doente de si própria. Vivemos num momento de mudança, mudança necessária para sobrevivência, o que se tem são idéias desgastadas, modelos antigos, ações precipitadas, noções grotescas de existência. O que se fazer? Talvez buscar espiritualidade, ou então, tornar-se simples num meio complexo de coisas, tarefa árdua que exige coragem, e querer de querer ser, ser diferente, talvez seja um começo, não se sabe, é tudo muito incerto. Refletir, observar, pensar leve, palavras, somente palavras, a pratica é ação, e também uma palavra, são idéias.
O pensamento coletivo, em sua abrangência, em seu âmbito maior de convivência, de respeito, de sobrevivência, é urgente em sua ação, é urgente em ação de existência, é urgente em grito, grito agudo dissonante em uma confusão de parodia e prosódias, conceitos, e afirmações, negações, e suposições de vivência, na qual as leis tentam compreender, e padronizar, algo “impadronizável”.
O momento é de reformulação, mudança, é de já e agora, por que não mudamos então? Eis o calcanhar da humanidade, em que o interesse é militar da mente. Busque experimentar, busque conceitos novos, busque olhar, livre-se de julgamentos falso-moralistas, o momento é de aquárius, um vórtice no tempo, um buraco branco na existência.

-Bruno Bueno Requena

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Vozes...


Vazio de gente vazia,
Vozes vorazes sobre o vento,
Ventos de furacões famintos,
Fome de gente cheia,
Cheio de luz,
Ponto fugaz vibrante vulto,
Verde luz colorida no céu,
Claras cores cristalinas,
Cacos e cortes cravados,
Vozes vibrantes de lábio,
Vozes vibrantes da boca,
Vozes de se comer,
Comer a própria voz,
Para que se sinta se falar,
E ao falar sinta se presente,
Presentear pontos quaisquer,
Que necessitem de voz,
Veludas vozes no ar,
Canto que quase sussurra,
Outrora quase se berra,
Depois ouve se manso,
Ouvidos que quase ouvem,
E vozes que quase falam,
Gente que é quase gente,
Temporã, temporão, tentação,
Turbilhão de fonemas em profusão,
Parodias e prosódias,
Pessoa, machado, matos, da cruz,
São vozes simbolizadas,
De símbolos sonoros,
De vozes guardadas,
Em versos no ar.

- Bruno Bueno Requena

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pretendo alcançar a leveza...


         Pretendo alcançar a leveza da alma e da mente, assim, de manhã ao acordar, abrirei a janela para que o sol entre e ilumine todos os cômodos da casa. Agradecerei a Deus por minha vida, e farei da alegria minha oração. Eu sei que a tristeza caminha com o ser humano, mas farei com que me esqueça por alguns meses. Quero aproveitar junto de quem amo, toda a beleza que um dia de vida pode proporcionar. Darei um grande abraço em cada um de meus amigos e agradecerei, em silencio, a presença de cada um, em um gesto de carinho e respeito, pois nunca se esta só neste mundo. A amizade é uma grande virtude. Certos acontecimentos me fizerem crescer como ser humano, contribuíram para minha elevação espiritual. Devemos deixar de ser tão orgulhosos e covardes, deixamos escapar pessoas que amamos, por plena arrogância, e falta de coragem para defendê-las. Quais as conseqüência de se interromper o fluxo do rio? Água parada.
Que a vida me de muitas alegrias...

- Bruno Bueno Requena

Simplesmente Simples...



Textos que fiz para o show do Coral Univali intitulado “Simplesmente Simples”

Eis me aqui, um ser humano em plena construção do ser, narrando-lhe a própria consciência e burrice cometida. Quando os galos cantarem em pleno rompimento de dia que nasce, e as arvores brindarem os fótons que lhes nutre, o orvalho nas folhas verdes banharam a terra, e eis que de olhos abertos, num súbito instante de ar em plenos pulmões, abrirei todas as janelas da casa, perfumarei todos os cômodos, e da varada iluminada, fitarei o horizonte em busca de novos caminhos, de novas idéias e aprendizados, assim, em contato com a minha gente, com meu povo. Ao sair de fora de todas as lógicas possíveis, correrei livre entre casas e arvores...

Simplicidade... Se perguntarem-me o que é ser simples, viver simples, responderei humildemente na minha condição humana e aprendiz - e um tanto observador - que talvez, ser simples, resuma-se no ato de sorrir sem motivo aparente, dar um abraço em quem se gosta num ato passional e físico, observar o céu numa noite estrelada de verão, e notar como as estrelas parecem pequenas vistas daqui de baixo, fitar a lua na imensidão do espaço, e apaixonar-se pelas flores como as borboletas que não cansam de beijá-las. Creio que cada um desses gestos contem uma certa sabedoria maior que independe de inteligência, de classe, de idade. Há uma certa alegria difícil em viver.

Em cada instante que a vida me proporcionar, tomá-lo-ei como algo de pura grandeza e extrema delicadeza que me exige, desdobrarei este origami temporal que me fora entregue, e no instante revelado – momento fugitivo – a vida com todas as suas cores, cheiros e frutas, que de tão belos chegam a ser engraçados, como as pedras e suas formas abstratas, ou então, as melancias que é água de um vermelho doce, verdes de casca, mas maduras perante a cor. Do fruto o alimento de viver me é revelado, ao me libertar das raízes que me prendiam, tornar-me-ei viajante, rumo à alegria tão almejada pelos corações.

Das folhas verdes que balançam no jardim, observo-lhes os sons e os cheiros que trazem discretamente, ouço os passos apressados atrás dos muros da casa, todos em completa desordem harmônica, sons grosseiros, há odores de sal e pó, a fumaça dos motores ascende ao céu, e os carros rasgam o horizonte em cores transversas. Devaneios tomam-me de súbito, e a memória da pele, luzes na retina, cheiros e sabores, relembra-me que atrás deste caos civilizado, deste progresso vazio, esconde-se inalterada a essência da minha alma.

Quanto tudo isso? Eis que depois das tempestades, o barco repousou-se em águas calmas, eu levemente pleno, desembarquei em terra firme, a firmeza do chão verde, flores vermelhas e brancas cobriam a encosta, arvores altas faziam sombra para quem dorme, as borboletas beijavam o sexo das flores, e por entre as arvores ouvia-se os pássaros cantando, saudando o desconhecido, todas as cores em harmonia, tudo se fazia em paz.

O pássaro proibido, não estranha o vôo, mas sim a visão, mas que visão é esta? Lá no alto a sensação muda, inverte-se, deixa de ser aquela paisagem sincopada, para que o todo, enfim, seja o todo, e o todo nunca é o todo, pois sempre há algo sendo mais do que aquilo que é.
Gritei ao céu, preces, orações, novenas. Tudo que agora me cerca perdura nessa latência despreocupada e simples, essa simplicidade por mais que monótona, me acalma.

Vejam, a cidade reuniu-se em romaria, todos contemplando a vida, quem sabe os homens tenham entendido o real sentido de viver, talvez compreenderam que para ser feliz, basta respirar, olhar o que nos cerca, e maravilhar-se com que se vê, a vida toda ali, acontecendo em plena novidade.

- Bruno Bueno Requena


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Campainhas e correrias...

         
     Éramos um, ali sentados em um banco qualquer na frente da praia, e neste instante aleatório, despreocupado entre amigos, travávamos diálogos sobre a vida, frases soltas que se desdobram pela fronte e por entre o ar, éramos três, ali em vida, eu dizia, uma amiga dizia, outro escutava - quieto – de um modo desinteressado, mas atento - não é que ele não compreendesse, mas é que, dizer, as vezes é desnecessário, o bom mesmo é ouvir, eis uma virtude que lhe observo - Deste modo eloqüente em que dizíamos, e em sustos de descoberta em plena troca de almas trigêmeas, que neste travar louco de cacos paradigmáticos, que por entre a cidade ecoava num grito, um grito de horror contra o que se conhece de vida – ou que se pensa dela – e neste grito civilizado, eu gemia de alegria na própria libertação de pensamento compartilhado. Esta troca necessária é vida trasbordante e liquida. 
Naquele instante era como-se a alma dos três em completa sintonia se abraçassem, abraço forte e caloroso, abraço de amor ao próximo. Por entre o concreto todo, os passos percorriam as calçadas da cidade noturna, risos, molequices, peraltices descompactadas, a loucura exposta em campainhas e correrias desengonçadas, o ser em plena despreocupação de julgamento, a naturalidade ali era quase que nascida agora, era criança que chora em pulmões virgens, era lagrima transparente, era comunhão mais que notória, era corpo e vinho.
Do momento nutriu-se a alma, ambas três, três loucuras soltas em um momento de amizade estranha, da qual não se esquece quem presencia,. A poesia estava ali presente, esperando para nascer, e nasceu, em estrondosas gargalhadas!

- Bruno Bueno Requena

domingo, 24 de abril de 2011

Das folhas verdes que balançam no jardim...


Das folhas verdes que balançam no jardim,
Observo-lhes os sons e os cheiros que trazem discretamente.
Há odores inertes na grama,
Há sons escondidos nas sementes.
Deve-se esperar em silencio a ruptura daquilo que nascerá
Em estrondosos ruídos.

Ouço os passos apressados atrás dos muros,
Todos em completa desordem harmônica,
Sons grosseiros.
Há odores de sal e pó,
A fumaça dos motores ascende ao céu.
Carros rasgam o horizonte em cores transversas.

Os pássaros pousam na grama
Rasgando a terra com os bicos,
Nutrida de vermes que se escondem do sol.
Frias e viscosas.
Deleitam-se em vísceras acidas,
Papilas voadoras em pleno gemido.

Há um pouco de sangue num canto qualquer da casa,
E pedaços meus que deixei por lá,
Encontram-se imóveis e gelados.
Um copo de água na cabeceira
Caso eu acorde em desespero,
Ressequido de sonhos.

Há Lápis e folhas espalhadas por todos os cômodos,
Caso a angustia de pensamentos,
Faça-me vomitar em grafite,
Símbolos sonoros e gritantes,
Graves, como uma arvore em chamas,
Queimando de vagar,
Em pleno silêncio...

- Bruno Bueno Requena

domingo, 10 de abril de 2011

Gênesis


O tempo curva-se a linha mental que o suspiro de vida habita, talvez seja o simples fato de que o ato de respirar, mesmo que invasivo, seja necessário para que as necessidades de vida sejam efetivamente realizadas.
O que dizer daquilo que nos foge a explicação? Talvez nada. O ato de olhar por mais que efêmero seja o real fato ou a completa ilusão de ser, fazer parte e ser aquilo sem explicação, o momento que se explica, já não é mais aquilo que fôra um dia, torna-se irreal na linha de pensamento racional ou ilusório aos esquizofrênicos de sentimentalidades necessárias.
Tudo que é se é simplesmente sem ser aquilo que fôra, os momentos são mutáveis e deformam-se a todo instante. A vida traça seu tempo em espaços múltiplos, todos tornando-se passado para que o futuro venha a existir!
E se um dia qualquer defronte ao espelho a face refletida que me foi revelado tornar-se vã, solto ao léu em plena despreocupação de ser algo que se espera, e tudo ao redor tornar-se frouxo e distorcido, as paredes moles que sustentam a casa, os moveis incrivelmente tortos e cadeiras que lhe roubem o lugar, tudo que de veras sentia tornar-se vários, e a própria imensidão do ser fosse em pontos eqüidistantes algo interrupto e enérgico, todos os poemas que escrevi em pleno atrito com a folha aonde se fazia a arte da angustia ou da própria mudez de qualquer coisa sem som, ou gritos agudos dissonantes ao tilintar dos sinos da catedral que se encontra no centro da cidade, talvez os pombos resolvessem cagar nas cabeças dos caretas obrigando-lhes a lavar com água fresca, narrando-lhe a própria burrice que se cometeu. Eu me encararia, olhos nos olhos reversos, tudo em constante paralisia, mas em completa universalidade com a alma. Eu reveria todos os conceitos que me foram cabidos ou impostos sem nenhuma explicação ou síntese.
Talvez um dia desses, sentado a beira de um lago com águas calmas eu o faça ferver de idéias, e a qualquer momento, nu que sou, revoaria todas as cidades em plena novidade de exacerbação de algo que se é simplesmente sem saber ao certo o que.
Tudo sem nenhuma ou passada novidade, nada de previamente escrito ou esclarecido, tudo em plena criação, tudo  em pleno gozo de ser, o bel prazer dos deuses, e os pássaros procriariam em seus ninhos verdes em galhos marrons, e os ovos que lhe forem dados, chocassem em plena divindade de algo que rompe, algo que excede a qualquer conceito pronto, eu prefiro a inconstância qualquer que seja do que essa vida toda programada, toda robótica com defeitos, quanta velhice, eu me permito a mudança, eu quero que me vejam a mim, como um feto sempre em desenvolvimento, um embrião fecundado pela natureza, eu nadando em pleno útero do universo esperando a fecundação estelar, assim ao parir, tudo estará renascido, em pleno seio do que se deve ser. Sem rótulos, sem explicações, somente sendo, é este meu destino...
- Bruno Bueno Requena

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A que será que se destina?

Sentia o chão queimar a solidão do sertanejo solitário, que na busca de terra boa, caminha ao sol escaldante do sertão nordestino.
O que passava pela mente deste cabra com espingarda e facão, discípulos da morte certa, ele que ouvia dizer do amor que há entre Deus e o Diabo. Simplesmente caminhar era seu destino, era a dor e a própria companhia do eu calado que era. Não lhe dizia nada, pois nada lhe dizia também, a vida muda do cangaceiro de chapéu quebrado, as botas velhas sujas de poeira, cheiro de suor e lagrimas secas, a areia transando com a terra, a caatinga toda ali, em sua exuberância.
Água corria debaixo da terra, e na terra corria o olhar sem esperança da conformidade daquilo tudo.
Nada lhe era dado, tudo lhe era roubado, nada lhe era dito, tudo lhe era descrito com horror e espanto de quem nada sabia.
Mas arre que vida é esta que me destinaste? Que há de ser esse destino cruel meu santo Deus? Eu rezo a São Jorge meu santinho protetor, que arre de vida é esta? Empreste-me sua lança santinho, para que eu possa do sangue fazer justiça, para que da lança o homem crie vergonha, vergonha de grito, vergonha de morte, vergonha de fome, há tanta fome e tanta sede que se mistura, que já nem sei mais o que me aflige, nem sei meu Deus, nem sei.
Tanta a minha ignorância que não posso dizer o que me dói, pois parece que tudo me dói.
É o destino ou será a vida mesmo, porque a de existir tudo isso e não o nada, o nada não a de ser melhor que isto?
Essa terra pobre, rachada e seca, essa gente com fome e calada que vive nas redes a se balançar, bebendo a água dos céus que demoram a cair, a lama toda na água, a água e lama na transa do sertão, eu propriamente sertanejo, eu de sertão e sangue, de viola e inchada, de dor e morte, vida e sexo de todos os elementos, que a de me curar dessa dor que germina em pleno sol, como a de germinar tal coisa tão negra, esses arbustos todos?
Tudo quieto, tudo cego. A prosa do trovador soa em cânticos negros, a se eu pudesse nessa trova de Deus e Diabo, impedir tal crueldade, eu fazia chover nessa terra rachada, nessa velhice terrestre toda antiga mais esquecida. Mas grito baixo, e mesmo se gritasse alto, não me escutariam. Não me escutam. Não escutam nada. Nada é ouvido. Silêncio de morte. Silêncio... Silêncio. Impotência. Quanto silêncio. Grite! eu quero gritos pavorosos, ande, levante-se homem, crie vergonha cabra dos infernos, ande! grite mais, não deixe os homens dormir, acorde todos, ande! se lhe sobrar fôlego cuspa, isso mesmo cuspa o chão seco, cuspa no concreto nos arranha-céus, cuspa na janela e não pare de gritar, há de ver no mundo que nos ouça gritar!
- Bruno Bueno Requena

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ermo Ser...

Joguei a corda e me enforquei,
Enforquei-me, mais do que a corda podia me enforcar,
Eu já não respirava antes do ato.

Dependurado,
Caiu-me uma lagrima de sangue,
Os batimentos já não importavam,
Tudo estava vazio naquela sala,
Escuro como de costume,
As portas trancadas, janelas fechadas...
O ar não circulava nos quartos.

A corda em meu pescoço,
Cedia com o peso do corpo e da alma,
O impacto era obvio nesta situação,
Foi então que com o medo da queda,
Eu me lancei antes de lançar-me,
Pois a lança já estava cravada no peito.

Lá fora era claro e ensolarado,
Mas dentro de mim,
A escuridão imperava,
Não me importava à dor,
Já se fazia eu dor minha,
Toda solidão morava comigo.

Naquela sala oca, pessoas entravam,
Sentavam-se no sofá imundo de sangue,
Mas não se importavam, encontrava-se fora da visão,
Não me perguntaram o que eu fazia
Enforcado de peito sangrando
Pois os olhos alheios, cegos de egoísmo,
Não lhes permitem ver o que é obvio e doloroso,
Somente o que lhes convêm.

Narcisos!
Todos se foram novamente,
Sem dizer-me adeus,
A empatia que de veras sentia,
Era minha, não vossa,
Cínicos,
Deixaram-me ali exposto,
Cordas e lanças pontudas,
Não lhes importava o ato final.
Solidão...

- Bruno Bueno Requena

uE...Eu

Olho o que esta em minha frente.
Sensações tomam o corpo,
Há de haver sentido nisto,
Porque é que me torno mais cedo ou mais tarde...
O errado,
Aquilo que fere aquilo que corta,
Rasgando a pele.
Torno-me mais cedo ou mais tarde...
A dor,
Sim, a dor, sensação que me persegue,
Foge-me o querer,
Percorro os quartos a procura...
Acendo todas as luzes e as apago,
Em plena escuridão...
Encontrei-me,
Enxergo-me,
Não apenas o físico que me veste,
Mas aquilo que habita meu ser.
É isso, somente isso...

- Bruno Bueno Requena

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Em terra firme.

Quanto tudo isso? Eis que depois das tempestades, o barco repousou em águas calmas, eu levemente pleno, desembarquei em terra firme, a firmeza do chão verde, flores vermelhas e brancas que cobriam a encosta, arvores altas faziam sombra para quem dorme, as borboletas beijavam o sexo das flores, e por entre as arvores ouvia-se os pássaros cantando, saudando o desconhecido, todas as cores em harmonia, tudo se fazia em paz.
O estranho da leveza não é o vôo, mas sim a visão, mas que visão é esta? Lá no alto a sensação muda, inverte-se, deixa de ser aquela paisagem sincopada, para que o todo, enfim, seja o todo, e o todo nunca é o todo, pois sempre há algo sendo mais do que aquilo que é.
Gritei ao céu, preces, orações, novenas. Tudo que agora me cerca perdura nessa latência despreocupada e simples, essa simplicidade por mais que monótona, me acalma.

- Bruno Bueno Requena

Minha cara amada...

Meus lábios vermelhos beijam cada palavra que lhe pronuncio, como em um gesto todo humano e amoroso, procuro emitir os sons da forma correta e afinada ao coração, esta melodia amorosa que vibra pelo ar, chega aos seus ouvidos atentos, e assim comunico, mesmo que lhe faltem partes, o que sinto.

Minha cara amada, porque fizeste tão bela aos meus olhos, porque em minha retina mostra-se tão cristalina? Ah teus beijos, teu corpo, tuas mãos, qual o mistério que te habita, porque me hipnotiza desta forma tão carnal?

Tanto teu e tanto meu que tantas às vezes, fui tão teu quanto tu és minha, este quereres de querer ser, nosso, somente as entrelinhas, ou toda a folha, todos os cadernos e tintas, tanto o dedo quanto a caneta ou o lápis, tantos de tantas formas, que sendo somente isto me é de certa forma um rascunho do momento vivido, uma fotografia, impulsos cerebrais, a imagem intacta na retina, cristalino olhar, quantos amores tens em teu corpo frágil criatura pura e branca?

Somente o seio que emana o leite da vida, trasborda em minha boca a essência do que é o puro eu, eis que minha fronte espelhada, reflexo físico do instante, momento móvel e reverso, letras ao contrario, o batom fixo no vidro, um poema declamado, uma carta que se escreve com os olhos de quem vê o amor, de quem toca e sente, se alimenta do amor.
 
Tudo se come, tudo é alimento, tudo se aproveita nesta vida, nada se joga fora, nada é lixo, tudo é simplesmente isto, um momento que se vive, somos compostos por momentos, sejam eles de raiva, amor, ódio, lagrimas ou puro prazer, eis que somos o mosaico do tempo, o presente se desdobra a cada instante e se desenha o passado, e se descobre o futuro, eis um origami temporal, um reflexo refratado ou simplesmente absorvido pela cor negra, um grande tudo, que se forma do grande nada, tempo, tempo, tempo, quantos terei até o tempo não mais existir, quantas luares verei, quantas bocas beijarei?
 
Eis que te quero e não nego, quero teu corpo e teu ser, meu amor, quero que me possuas assim como em meus sonhos tão perto, tão distantes, tão abstratos, tão flexíveis, em constante mutação de amor em movimento, eu faço girar este sentimento, para que minha nudez parada, não crie teias, somente rosas que perfumam o ar...

- Bruno Bueno Requena

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Oh dor que invade meu coração!


Oh dor que invade meu coração! Como podes arrebentar em meu peito, como um rebento invade a vida, rasgando-lhe o ventre da mãe que chora de dor e alegria? Qual é o prazer de tão pouca humildade, qual é a força que lhe move para tais atos tão mesquinhos e desumanos? Quantos por quês a mais terei que lhe indagar em silencio de resposta nenhuma, um som ignorado de quem lhe beija as palavras?

Quais quer que sejam teus motivos, não lhe da direito de magoar corações, tal crueldade demoníaca de repulsa - vermes no corte com pus - quais quer que sejam teus impulsos primitivos, castre no ato do corte, assim lhe estacará o sangue rapidamente, mesmo que impossível evitar a dor.

- Bruno Bueno Requena

Angustias da vida cega e encenada.

A alma gritava em plena madrugada, e o corpo sentia os espasmos constantes de uma dor brotando, germinando em poros secos, desidratados pela servidão contida em ares de completa solidão.
O momento era de lagrima que escorre pela pele fria, tudo me ligava à morte, a sensação asfixiante e o conforto estofado da imobilidade abaixo da terra. É triste pensar na inutilidade da mente, existir e não ser nada, ser o que não se quer, sendo aquilo que me tornam, aquilo que me tornei, moldado por chuva acida, lapidado por mãos que percorrem o corpo, rasgando, sangrando, cicatrizes internas e externas, repletas de angustias, preso a sensação de diálogos mudos, a mímica paralitica de uma falsa expressão contida - eu grito em mim, pois me falta coragem para gritar em ti o que é obvio - as pálpebras fecham-se aos que existem, morrendo na escuridão forçada dos olhos.
Em cena muda declamo o que sou, por expressões vazias, em cubos planos, imóveis e tortos. A mão tremula sobre o papel risca a folha virgem, cravando traços de uma existência corroída, a tentativa de ser o que se pensa existir, a falsidade humana, falta de calor em mãos gélidas, laços estabelecidos facilmente rompidos pela falta de sentidos.
Quem sente sofre, pois sentir é ser frágil, é o que some e não volta, pois o medo da entrega submerge nosso intimo e se instala por completo em nossos nervos - eu tenho medo, muito medo de me entregar, pois o abismo que me separa é infinito, amedrontando quem espia seu interior - meu silencio emite ondas que perseguem quem grita por vida - suplico por ar - pois é de direito meu o ato de viver, observar o que me cerca e memorizar o que me afeta e tudo me afeta, pois sofro de sentidos.
Analiso e concluo não haver respostas para o que procuro... As línguas cansadas, a pele pálida, o chorar de magoa. Dizer que amo é de mais para quem ouve, pois o medo da dor e tão grande, que a distancia é obtida como necessária para quem sente, o que nos obriga a ser frios, fracos, tolos, doentes da alma, suicidas naturais, um salto livre e nu sobre pedras pontudas, aguardando a queda, ansioso pelo nada, seguido de sangue e lagrimas, assim existo, sou matéria orgânica que ao final apodrece em meio sujo, o que resta de mim são traços, fotografias e memórias alheias, assim concluo minha dor, existo e não existo, E-X-I-S-T-O!
A existência é natural, o sentido que é oculto, a procura desgasta, exige do corpo e da mente, revela e confunde. Compreendo minha loucura como necessária e obrigatória presença em meus dias de angustia e caretice. Verifico que a solidão me persegue, e eu aprecio sua presença, por motivo de força maior é natural a dor, mas insuportável a falsa felicidade fingida e encenada, falsas personalidades, doces amargos, sensações fúteis de prazeres bobos e forçados por fatores abstratos, que nos levam a fantasias, que nos levam a dor.
Exigem-me o sangue, o segredo intimo que percorre meu corpo, furtam-me a esperança de confiança no ser humano, furtam-me a existência, negam-me o direito ao grito, rotulam-me hermético, rotulo-te narciso.
Pela manhã percebo a vida - mais um dia que respiro - lavo o corpo e completamente nu sobre a face do espelho refletida à imagem que sou, percebo minha existência física, mas foge-me a existência da alma, pois me é negado o sopro de vida. O peso de viver, comprime, esmaga, e eu desisto, sou fraco, suicido-me, torno-me parte do circo, marionetes tolas, vidas manipuladas, frases feitas, poemas rasgados, gritos engasgados, vidas fúteis, o que sou então se não o nada? Sou a morte fingida de pernas quebradas, sou a dor material, sou a lama. Meus lábios gélidos beijam as bocas vivas retirando-lhes o resto de esperança, mordo-lhes a língua, sugo-te o sangue, finjo ser aquilo que desejas, e te possuo, pinto telas com as mãos, como maças, lhe atiro fogo e vejo queimar, pois estou morto, já me falta o ar, e a busca incessante de ser não é mais, já não existe, enterraram-me vivo, sofro a asfixia de ser aquilo que um dia pensei ser.

- Bruno Bueno Requena